domingo, 11 de setembro de 2011

setembro


talvez um amor de primavera

que abale as estruturas

de uma alma e corpo inteiros

que não seja ligeiro, mas

que fique com brandura.


e se não ficar o amor

que fique o perfume, as flores,

um aroma de beleza

e a beleza das cores...



quarta-feira, 7 de setembro de 2011

exausto





A lágrima escorre
e traz à boca
o sal do cansaço.



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

presença


era seu rosto na lembrança

no escuro da noite passada

tão nítido que a pupila dilatava

aos detalhes dos traços, da face

límpida e pura aos olhos meus


e o rosto pedia calma

era feito um grito da alma


mesmo com um sorriso

o rosto implorava abrigo.

A alma quando carece

proteger-se do perigo

chega pedindo aconchego

de um jeito ou de outro...



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

das horas de fragilidade


tenho um mundo inventado

onde a dor não tem voz

e o amor perdeu a vez

uma vez que de mim desfez


quando sinto frio o chão

sob os meus pés descalços

isso faz sinal ao coração:


é só uma invenção.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

rezando a mim


olhai por mim e velai-me

não exponha à maus tratos

esse ser inconseqüente

que se faz doente pela madrugada

sou só um ser como tantos

que se perde em encantos

vezes chora pelos cantos

mas que não merece tanto

tanto desamor, desalento

aperto doído do lado de dentro

olhai por mim e velai-me

sou só um ser machucado

as vezes buscando ser sarado

o desamor em busca do amor

o desalento em busca de alento

dá-me um sopro aqui dentro

e faz pulsar de novo esse ser

que de amor e amar anda sedento.



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

olhares

me arrepiava

desconcertava

suas mãos e pernas

sua boca

seus olhos

ah, seus olhos...

eles me fitavam

me sugavam

indagavam

dispensavam

me queriam

ou não.

não me diziam

apenas olhavam

...


terça-feira, 19 de julho de 2011

coração

anda batendo cansado

na verdade não anda

já quase parado

quase que não bate

e se não bate apanha

e se recolhe num canto

qualquer apertado

do esquerdo lado



domingo, 17 de julho de 2011

das belezas da noite

foto: Ronan Garcia


a lua decorava a noite enquanto delongava-se

o fogo em chamas, desejos insanos reacendia

provocando lembranças e pensamentos

a noite dava a liberdade e a liberdade nos preenchia


um frio tanto que transpassava o corpo

imenso verde ao redor e a beira do fogo

a fumaça subia e um barulhar a queima atraia

a noite dava a liberdade e a liberdade nos preenchia


branda e bela aproximava a madrugada

ainda ao relento sem nenhum tormento

dali , “entre o chão e os ares” , se contemplava a vida

numa perfeita harmonia. A noite dava a liberdade

cantávamos Liberdade e a liberdade nos preenchia



quarta-feira, 13 de julho de 2011

de alma cansada



pranto na palavra

planta poesia

pedindo o pouso

das pálpebras



segunda-feira, 11 de julho de 2011

das demoras do tempo


o amor demora

a alma chora...

haja quereres

pra tanta aurora

...


domingo, 3 de julho de 2011

de quando o amor procede...


foi quando disseram que nem mesmo

o amor é pra sempre, então pré

ocupou-se em demasia de cuidá-lo

posto que hora uma ou outra morreria

aquele amor que pensado eterno vivia


cultivado à mãos ternas e alma calma

cresceu primeiro, tal qual dizia Rosa,

brotou depois,

mas brotou em um, não em dois

não sustentado o amor não vingou


viu-se enfraquecido, adoentado

e mesmo numa relutância persistente

lutando com todas as forças e dentes

não resistiu, mataram-no.

e das coisas do amor não mais se viu.


restou o medo, um medo tamanho

que, como diz a canção: “medo que

da medo do medo que da”

trancaram as entradas do coração, nem

mesmo pela greta da alma permitia sentir


mas esqueceu-se do buraco, o buraco

do lado de baixo, quase no meio.

o sentir não é só abstrato, é coisa de pele,

de corpo, contato. E se servido em bom

prato, dado lhe um trato, é fato: maravilha

de trepar com amor, como bem expressou

Gabriel Garcia na sua invenção de

aos 90 anos se meter com putaria.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

lambida a libido


à pele

que sangra

que sua

que soa

solicito


são seios sedentos

ao sal do suor

a saber o sabor

na subida da língua.


sábado, 11 de junho de 2011

canção a luz de vela


na noite do temporal

uma vela

uma voz

um violão

cantava sua ausência

e a minha solidão

terça-feira, 10 de maio de 2011

Voltando pra casa





A auréola já não a circulava como antes. Agora fazia um todo,

num embaçado de neblina e nuvem negra.

Faixas em movimento percorriam a viagem.

Olhos de gatos abertos com o reflexo do farol.

À beira, verde em extensão. E ela a refletir pela janela.

Quanto desajeito, desarrumo, desajuste.

Já não se exprime nem mesmo em uns poucos versos,

o gosto do que está interno.

A válvula de escape não se encontra.

O medo e a dor se apoderaram.

E o desejo de mudança permeia o consciente

e o inconsciente nos pesadelos, nas noites de insônia.

A mudança é alcançável,mas a atitude está inerte.



quarta-feira, 4 de maio de 2011

(des)feito nó(s)


atei um nó

na garganta

no peito

na pele


amordaçante

comprimindo

desfalece o corpo

e a alma...


Carla Cardoso

terça-feira, 26 de abril de 2011

das coisas do coração

de garganta seca

olhos rasos d’água

e o coração aflito

arrisco derrubar lágrima

remexendo num passado

sentires confundindo

um andar desnorteado

sem destino ou precipício

pelas vias, tolices repetindo

vou levando como posso

vou então me conduzindo

...

Carla Cardoso



domingo, 17 de abril de 2011

acaso


cadente caiu

estrela

vinda de lugar

nenhum

sumiu em lugar

algum

assim vi

sê-la

por motivo

um


Carla Cardoso

sábado, 16 de abril de 2011

do imaginário


restou um resto

um riso retido

ruído do rastro

e o rosto (ir) real


Carla Cardoso


quinta-feira, 14 de abril de 2011

do sentir e do braço



carece vez em quando

a gente é de cafuné

de colo regaço


descansar o cansaço...


Carla Cardoso


segunda-feira, 11 de abril de 2011

O brilho da lua na noite passada


envolta numa auréola

numa resplandecência


_ santa persistência!


o brilho nos olhos meus

remetia ao brilho seu.


Carla Cardoso


quinta-feira, 7 de abril de 2011

suponho

minha boca seca
meu olhar que seca
o teu corpo solto
e teu cheiro sinto

minha mão sedenta
meu querer sensato
o teu jeito santo
de sozinho ser

minha vontade sóbria
fazendo suposição
quem sabe suspender
: sanar solidão

Carla Cardoso


quarta-feira, 6 de abril de 2011

doce


não há doce que

me seja predileto

se não o tom

da voz cantante

se me deres

do ouvido o pé

faço-te a minha

doce num instante


Carla Cardoso


quinta-feira, 31 de março de 2011

pela janela

na estrada havia

gotículas de chuva


se perdiam

se misturando

num olhar cansado


num simples desejo:

não ver mais tudo enquadrado


Carla Cardoso


quinta-feira, 24 de março de 2011

reabilitar


Era dessas paixões ligeiras

Que nos passa rasteira

Depois de um tempo

vira bobagem

aquela euforia


era só um coração

carente em demasia...


Carla Cardoso


terça-feira, 15 de março de 2011

sem alento


não há alma que aguenta
quando a alegria se ausenta
e a distância posto que é sofrer
fez-se (des) graça no viver

se é amor o que insiste
arranca-me essa desventura
se deveras existe e tão triste
o que persiste é tortura


Carla Cardoso


domingo, 6 de março de 2011

amizade desenhada


e eu sinto uma saudade
ao ver-te desenhado em imagens
transmitindo suas alegrias
mesmo que em fotografias

da uma vontade grande de abraçar
com braços que sai de dentro da gente
querendo apertar bem forte
a quem só se tem em mente

e ao trocar versos e canções
gentilezas singelas e risos
compartilhando um mesmo tom
sem nem mesmo estar junto preciso,

sinto pura essa afeição recíproca
essa amizade que se instalou aqui
causando saudade bonita
de um alguém que ainda não vi.


Carla Cardoso

(Dedicado à um amigo já tão querido da cidade de Araxá)


quarta-feira, 2 de março de 2011

sem imaginação

Arte: Jonathas Wagner




do futuro que era meu
metade dele foi roubada
e meia outra se perdeu


Carla Cardoso

domingo, 20 de fevereiro de 2011

ausência

tem gente
que vai pra longe
tem gente
que vai pra sempre

sabe da dor
a gente

que sente e fica

Carla Cardoso

domingo, 13 de fevereiro de 2011

fadiga

como se
a vida fosse
inteira boa
vivo

e invento,

se não
desisto...


Carla Cardoso

vazio


ando um
tanto cheio
de nada

inunda tudo
...

Carla Cardoso

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Querer-te


Ontem sonhei com esse tal encanto
E senti dor também pelo teu pranto
Só que no canto nada vi de tolo
Mais, encantei-me com tão belo canto


Porém esse querer que dizes querer tanto
Me entortou a alma e o pensamento
E esta dor, cachorra, no entanto
Me faz lembrar de ti todo momento


Só que não quero acabar com a dor
E nem, tampouco, desfazer o encanto
Doer por ti é bom,pois não dói tanto


"Uma releitura ou contraleitura do poema de uma amiga..." rsrs

Jonathas Wagner

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Na esquina



findou-se a ilusão

não há retalho nem cor

nem mosaico no chão

não há telha no teto

nem o azul da janela

como o do céu aberto

não há luz na escada

nem estranhas entradas

nem madeira na sala

nem o barulho no chão

pesado do cão

não há mais o latir

nem as pressas fugir

não há verde ao redor

nem amarelo

não há mais o singelo

que era tão belo

se foi o novembro

sua chuva e sereno

a porta fechou

o moço partiu

saudade deixou

a moça deixou

o moço gentil.


Carla Cardoso




quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Gente

Queria ser gente dessa

Que faz da vida uma peça

Gente esperta

Eu não,

Eu sou gente que sente

De coração imprudente

Que se mete em confusão

E depois fica dolorido

A cantarolar na solidão


Carla Cardoso


Eis a questão

Tornar-se-á castigo
sentir em vão
pra um cansado coração

É prendê-lo num labirinto
não sei se saio
ou se sinto...

Carla Cardoso

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Querer-te



Nada agora eu quero contra esse encanto
que já me fez doer e derramar meu pranto
como quem muito chora por motivo tolo
e faz da saudade enfeite em qualquer canto

E de tanto querer-te e querer-te tanto
guardei lembranças no meu pensamento
que nem o passar dos dias entanto
faz-me esquecer-te um sequer momento

Mas eu hei de acabar com essa dor
e quem sabe então desfazer o encanto
que me faz querer-te, querer-te tanto


Carla Cardoso

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Desalento


que esse sentir se tornou tormento

apossou do meu pensamento

me diz agora pra onde seguir

se há você do meu lado de dentro...


Carla Cardoso

...


E o médico perguntou:
- O que sentes?
- Sinto lonjuras, doutor.
Sofro de distâncias.

[...]

Denison Mendes

sábado, 22 de janeiro de 2011

Eu e a lua


parte da rua

que cruza a minha

passava sozinha

e no alto direito

olhei sem despeito

tão belo feito

bem la no topo

tão livre e nua

como fosse donzela

reluzia ela...


Carla Cardoso



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

!




casa encantada
conto de fada
ou nada

Carla Cardoso

Lonjuras




não,
não precisa ser perto
nem ser centro...
só estar do lado
de dentro.

Carla Cardoso


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

"Tempo a gente tem quanto a gente dá..."


amor ao sabor do vento
o passar do tempo
leva
ou ao passar do tempo
com o balançar do vento
vai...

Carla Cardoso


domingo, 16 de janeiro de 2011

...


derrubando lágrimas
inventando falas
cultivando rimas...

Carla Cardoso

domingo, 9 de janeiro de 2011

"Depois é sei lá..."

...e nadam

nos meus olhos

as alegrias de um intenso

imenso

tempo pouco

que me rendi

banquei de louco

me perdi

meus versos

e meu canto

meu dedilhar

e meu encanto

minha metade

misturada a sua parte

de cores e formas

se fazendo arte

e envolvida à sua parte

que logo partiu

metade minha

se comprimiu

nesse peito que parte

em dois

feito qualquer coisa

pra depois...


Carla Cardoso