quinta-feira, 29 de julho de 2010

Paulo Leminski




"acordei bemol

tudo estava sustenido

sol fazia

só não fazia sentido."



(Paulo Leminski)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Não entendo.

(Foto: André Azevedo)


Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Será em vão?

(Foto: André Azevedo)


Permanece dentro de mim
Minha angústia
Minha indignação
Com tanta mediocridade
Em meio a um mundo são.
Será inútil acreditar,
Sofrer,
Será em vão?
Que esse mundo tem jeito sim!
... Ou num tem jeito não?

(Carla Cardoso)



Eu escrevo sem esperança...

(Foto: André Azevedo)



Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro... Clarice Lispector

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Coisa Boa...




Ê saudade que já ta gigante
Mais é também saudade gostosa
Saudade dessa sua prosa,
Dessa coisa boa
Que é ficar a toa ao lado teu
Saudade de ser toda sua
Num momento somente meu.
Saudade que me domina
Me fazendo mimada menina
Desejando o colo seu.

(Carla Cardoso)

sábado, 17 de julho de 2010

Boa Lembrança


E você eu levo comigo
No cantinho da minha caixa
De boas lembranças
E num papel bonito
E bem embrulhado
Com fita colorida
E um laço forte
Que é pra ter a sorte
De levar sempre em mim
Quem muito me fez sorrir
Mas se esta for perdida
Oh meu amor, não me culpe
Não será por permissão minha
Entendas...
Até mesmo as melhores lembranças
São as vezes esquecidas.

(Carla Cardoso)

Seguir

Quero então seguir e
Seguir sem amores,
Sem dores, nem rancores
Distante de sentimentalismos
E de ilusões
E quero estar
E quero ser
Ser eu
Ser minha
Ser sua
E embarcar nessa aventura
Que me incita a tal loucura
Tão cremosa e pura...
Permitindo-me
Aos devaneios, as fantasias
As mais delirantes
Os mais provocantes
Desejos...
O amor...?
A nenhum conceito seu
Vou agora me aderir
E por isso eu suprimo
E o dispenso...
Pois por você eu sinto calor
E isso basta.

(Carla Cardoso)