terça-feira, 19 de julho de 2011

coração

anda batendo cansado

na verdade não anda

já quase parado

quase que não bate

e se não bate apanha

e se recolhe num canto

qualquer apertado

do esquerdo lado



domingo, 17 de julho de 2011

das belezas da noite

foto: Ronan Garcia


a lua decorava a noite enquanto delongava-se

o fogo em chamas, desejos insanos reacendia

provocando lembranças e pensamentos

a noite dava a liberdade e a liberdade nos preenchia


um frio tanto que transpassava o corpo

imenso verde ao redor e a beira do fogo

a fumaça subia e um barulhar a queima atraia

a noite dava a liberdade e a liberdade nos preenchia


branda e bela aproximava a madrugada

ainda ao relento sem nenhum tormento

dali , “entre o chão e os ares” , se contemplava a vida

numa perfeita harmonia. A noite dava a liberdade

cantávamos Liberdade e a liberdade nos preenchia



quarta-feira, 13 de julho de 2011

de alma cansada



pranto na palavra

planta poesia

pedindo o pouso

das pálpebras



segunda-feira, 11 de julho de 2011

das demoras do tempo


o amor demora

a alma chora...

haja quereres

pra tanta aurora

...


domingo, 3 de julho de 2011

de quando o amor procede...


foi quando disseram que nem mesmo

o amor é pra sempre, então pré

ocupou-se em demasia de cuidá-lo

posto que hora uma ou outra morreria

aquele amor que pensado eterno vivia


cultivado à mãos ternas e alma calma

cresceu primeiro, tal qual dizia Rosa,

brotou depois,

mas brotou em um, não em dois

não sustentado o amor não vingou


viu-se enfraquecido, adoentado

e mesmo numa relutância persistente

lutando com todas as forças e dentes

não resistiu, mataram-no.

e das coisas do amor não mais se viu.


restou o medo, um medo tamanho

que, como diz a canção: “medo que

da medo do medo que da”

trancaram as entradas do coração, nem

mesmo pela greta da alma permitia sentir


mas esqueceu-se do buraco, o buraco

do lado de baixo, quase no meio.

o sentir não é só abstrato, é coisa de pele,

de corpo, contato. E se servido em bom

prato, dado lhe um trato, é fato: maravilha

de trepar com amor, como bem expressou

Gabriel Garcia na sua invenção de

aos 90 anos se meter com putaria.